Em entrevista ao jornalista musical Gustavo Maiato, Rex Caroll, guitarrista do Whitecross, refletiu primeiro sobre como começou a “religiosidade” em sua vida e o que faz uma música ser desse tema.
“Toda música é espiritual de alguma forma. Quando estou com meus alunos, gosto de perguntar: ‘O que é música?’. Para mim, é comunicação. Se você toca guitarra, canta ou toca bateria, sempre é sobre algo que está dentro de você e você quer comunicar para o mundo. É como você mostra sua essência e sua mensagem.
Quando falo que toda música é espiritual, acho que é nesse nível. Algumas músicas são sombrias, outras sobre amor. Mas todas são sobre algo que o artista quer dizer. Se você ouvir músicas do ‘Black Sabbath’, é bastante espiritual e eles falam muito de deus. Eu creio em deus e na bíblia e vejo a música como uma ferramenta para expressar coisas que quero dizer. O Whitecross veio nesse sentido.
Mas comecei com o Fierce Heart na Atlantic Records. Eles me desenvolveram e ao mesmo tempo, percebi que adorava compor músicas sobre deus e a bíblia e encorajar pessoas a confiar em deus. Essa é a base do que o Whitecross é. O Fierce Heart acabou que não durou muito. Depois dessa experiência, o que viria? Então, encontrei o cantor que seria da Whitecross. Ele conhecia músicos na mesma vibe. Ele precisava de um guitarrista.
Lançamos o primeiro álbum em 1987 e, tecnicamente, acho ele muito ruim! [risos]. Tínhamos um engenheiro de som que não sabia o que fazia. Não tínhamos produtor nem nada. Fico até envergonhado do resultado. Não havia orçamento também, fizemos o que podíamos. Estávamos por um fio, sabe? A única experiência era a minha no Fierce Heart.
As pessoas dizem que é importante estar numa banda para se rebelar contra as autoridades e tudo mais. Minha visão é que deus sempre trabalhou na minha vida. Você precisa descobrir quem você é como artista. Passei a vida buscando isso. O que quero dizer para o mundo? Se você ouvir minhas músicas, vai entender como me sinto. As coisas que fiz no Whitecross são sobre acreditar no deus verdadeiro, que te ama e tem um plano para nossa vida.
Quando comecei o Whitecross, as pessoas falavam que soávamos como o Ratt. Isso era porque nosso cantor parecia mesmo o do Ratt. Eu acompanhei esse rock mais festivo. Parecia que todas as bandas na época falavam sobre a mesma coisa. Sobre viver intensamente e tudo mais. Era a atmosfera hedonística que pairava. Sei que existem pessoas que vão desligar a conversa quando perceber que falo sobre deus. Não dá para agradar a todos, mas quero alcançar quantos conseguir”, concluiu.
Fonte: Wiplash