Em seu discurso na ONU, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao mundo contra a “cristofobia”. O termo é usado popularmente para indicar situações onde há perseguições a pessoas que afirmam ser seguidoras de Jesus. A Missão Portas Abertas tem documentado este fenômeno e mantém uma lista atualizada de países onde cristãos são sistematicamente perseguidos por sua fé. No Brasil não existe “cristofobia” instituída; temos no máximo um mal-estar com relação a cristãos em determinados círculos, um deles é o cenário Rock / Heavy Metal. Especialmente entre setores ditos progressivos, há uma rejeição sistemática à fé cristã. Basta ver as críticas feitas a assessores e ministros nomeados pelo atual governo, onde a queixa principal é sua filiação religiosa. Parte da resistência vem de fatos envolvendo líderes evangélicos, que, embora potencializados pela mídia, seriam reprovados pela ampla maioria do povo de Deus. Realmente há alguns que, dizendo-se irmãos (talvez sejam, talvez não…), dão um péssimo testemunho do que significa seguir a Jesus. No entanto, por que – enquanto cristãos – temos uma reação assim? Por que nos chocamos e nos surpreendemos com o fato de haver resistência a nós e à nossa fé?
Recentemente li uma frase atribuída ao pastor Timothy Keller: “Jesus não foi apenas um cara legal que fez o bem no mundo. Você não crucifica caras legais. Você crucifica ameaças”.[1] A frase certamente aponta para uma verdade inescapável: cristãos serão perseguidos. Na verdade, muito antes de Tim Keller, o apóstolo Paulo já escreveu em 2 Timóteo 3.12: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. Nossa fé, se exposta com clareza e verdade, faz oposição, confronta, desafia a mentalidade do mundo. Jesus afirma com clareza: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).
Quantas bandas, integrantes de bandas, pessoas vestidas com camisetas e mensagens que as identificam como cristãs, são automaticamente rejeitadas e julgadas, fazendo com que elas sejam excluídas daquele ambiente ou até das amizades. Este é um cumprimento da palavra de Deus e o cristão não deve enxergar com maus olhos, o cristão deve orar e agradecer pela palavra estar se cumprindo na sua caminhada, muitos não tem este privilégio. Não busque aceitação. O texto a seguir vai te mostrar como prosseguir na visão espiritual.
O natural é que, sejamos perseguidos e rejeitados por nossa mensagem. É estranho quando setores evangélicos tentam com tanto empenho ser bem-vistos e aceitos pelo público não cristão. De modo geral, só seremos bem-vistos se nossa fé deixar de confrontar, de denunciar a atitude geral de rebeldia contra Deus. Parafraseando Tim Keller, não somos chamados a ser “caras legais”, somos chamados a ser ameaças ao pensamento e estilo de vida do mundo.
Recentemente vimos diversos casos recorrentes pelo Brasil, onde o cenário Rock / Heavy Metal tem uma grande resistência em conviver com bandas cristãs. Eu falo no sentido de conviver, estar junto e não uma forma de aceitação. São inúmeros cenários que vão desde o satanismo, magia negra, bruxaria a temáticas melódicas e aparentemente inofensivas. Todas tem uma grande resistência em conviver com cristãos declarados. Já tivemos casos que chegaram a agredir membros de bandas, expulsar público em casa de show, cancelamento de evento por ter bandas cristã na grade, emboscada em eventos, em meios de transportes, em via pública, ameaças virtuais de diversas formas. É o mundo em forte rejeição a Cristo.
Um documentário intitulado “O MAL QUE NOS FAZ” foi lançado em 2015 onde apresenta depoimentos e pensamentos de pessoas ligadas ao cenário Heavy Metal sobre o cristianismo no Heavy Metal. O documentário tem uma hora e meia e tem diferentes pensamentos, a maioria totalmente contrária a participação de cristãos neste segmento. O próprio título traduz o incômodo que os cristãos fazem ao se aproximarem deste cenário.
No entanto, devemos ser cuidadosos quanto à razão de sermos rejeitados. Nossa rejeição pode ser por representarmos a Cristo ou por sermos malfeitores. Pessoas que, dizendo-se cristãs, cometem crimes, envergonham o nome de Cristo e seus atos devem ser mesmo rejeitadas. O apóstolo Pedro trata deste tema com muita clareza em sua primeira carta, capítulo 4, versos 12 a 15:
Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para prová-los, como se algo estranho estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria. Se vocês são insultados por causa do nome de Cristo, felizes são vocês, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. Se algum de vocês sofre, que não seja como assassino, ladrão, criminoso, ou como quem se intromete em negócios alheios.
Após reiterar que seremos rejeitados e provados, Pedro faz uma ressalva curiosa no verso 15. Ele afirma que nossa rejeição não deve ser devido a crimes e ofensas ou por sermos intrometidos (literalmente “supervisor da vida de outros” forçando a barra). É revelador que Pedro inclua essa palavra entre as razões indevidas de sofrimento ou oposição.
Temos de compreender que, como cristãos, não somos chamados a legislar sobre a vida daqueles que não seguem a Jesus. Não somos chamados a julgar os de fora, mas sim os de dentro (1Coríntios 5.12-13). Podemos e devemos nos posicionar quanto ao que entendemos que é melhor para nossa sociedade e que representa nosso Deus santo, mas não podemos nem devemos cobrar um postura moral daqueles que não seguem a Jesus. O problema destes não é seu padrão moral ofensivo, mas sua rebeldia contra Deus.
Minha oração é que eu, e cada um de vocês leitores, seja proclamador do amor, da santidade e do plano salvador de Deus em nossa postura e em nossas palavras. E, se formos rejeitados (o que deveria ser considerado normal para nós), que seja por nos identificarmos com Cristo sem forçar os outros a serem como nós nem forçar a nossa aceitação no meio deles.
Texto de Daniel Lima (adaptado)