Cold War Kids diz ter fé em outras letras, não só cristãs

Em entrevista ao G1, vocalista faz revelações. Banda americana de rock alternativo é atração do Lollapalooza, em SP.

Nathan Willett é um cara bem legal, pena que não pode ver críticos. Em entrevista ao G1, esse é o único assunto que faz mudar o tom de voz do vocalista do Cold War Kids. “Não tenho problemas em falar da minha fé. E não sei como isso pode influenciar a crítica”, diz ele, sobre o fato de a banda já ter sido menosprezada pelas letras sobre redenção.

Os integrantes se conheceram em uma faculdade religiosa, formaram o grupo em 2004 e só agora fazem sua estreia no Brasil, no Lollapalooza, no sábado (11).
Nos Estados Unidos, o grupo de rock alternativo já foi zoado por sites como o Pitchfork Media. Não era para tanto. Até porque a banda continua na mesma.

O bom vocal esganiçado de Willett está a serviço de músicas como “First”, com clipe e letra sobre beber, cair e se arrepender.
Ao G1, Willett fala de paternidade, do passado como professor de inglês e sobre suas letras. Agora, todos da banda são casados e têm filhos. Escrever sobre superar situações difíceis não é mais tão simples.

G1 – Você tem uma filha agora. Como isso te mudou como compositor?
Nathan Willett – Você nota que tudo tem sua importância e passa a entender melhor que você vai morrer. Você começa uma banda com uns amigos e se sente bem com cada coisinha… Mas agora pensa diferente, você vê todo o contexto. Tudo é maior. A música tem que ser a melhor agora. As dinâmicas têm que ser as melhores. Você quer ser melhor.

G1 – Muita gente diz que vocês não parecem uma banda da Califórnia. Concorda?
Nathan Willett – Eu concordo. A gente cresceu ouvindo as bandas populares da Califórnia, de pop punk, mas também muito Velvet Underground e as bandas britânicas. A gente tem mais influência disso do que dos grupos californianos.

G1 – Você era professor de inglês. Do que você sente falta desses tempos?
Nathan Willett – Às vezes, eu sinto falta de uma coisa ou outra. Eu estava nessa situação quando pensava que não teria uma carreira como cantor. Então, eu fiquei com receio de não dar certo na música. Eu tinha vontade de escrever, de me descobrir. Eu estava indo em uma direção diferente. A música foi deixando de ser um hobby. Ela me ensinou a ver melhor o mundo, e a me expressar sobre ele.

G1 – A maioria das suas letras é sobre superar situações difíceis. Agora que todos vocês estão casados e com filhos, é mais difícil pensar sobre isso?
Nathan Willett – Ótima pergunta. Eu sempre misturei minha imaginação e a realidade, o que eu vivo. Tem uma parte da minha vida em que eu meio que crio um drama para ter ideias para músicas. É estranho isso. Tem vez que me sinto mal pela minha mulher. Eu já discuti e briguei com ela [de propósito] só para ter temas para letras.

G1 – Eu sei que vocês não são uma banda gospel, mas a banda foi formada em uma instituição religiosa. Como isso influenciou vocês?
Nathan Willett – A ideia de ter uma vida espiritual e ter fé é uma ideia que me motiva. As coisas são universais, relações são universais. Meus escritores preferidos, como Dostoiévski, me fazem pensar assim. A gente conta histórias universais, não só cristãs.

G1 – Houve jornalistas que falaram da crença e da fé de vocês em uma tentativa de criticar a música. Como lidaram com isso?
Nathan Willett – No começo da banda, eu fiquei surpreso como isso se tornou uma questão. Todo mundo tem um pensamento diferente sobre religião ou espiritualidade. Nossa fé deixou algumas pessoas com o pé atrás em relação à gente. Eu não tenho problemas em falar da minha fé. E não sei como isso pode influenciar a crítica de um jornalista.

G1 – Vocês terão tempo para ver bandas, para conhecer o Brasil?
Nathan Willett – Eu amo Tame Impala, e quero muito vê-los. A gente vai para o Brasil direto da Austrália e da Nova Zelândia. Tendo este estilo de vida, a gente acaba sabendo tudo de última hora. Agora, estou em Los Angeles, escrevendo músicas para o novo disco. Eu estou animado com o que estamos tocando. Espero tocar músicas novas.

Fonte: G1

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Melqui Oliveira

Colunista

Missionário, publicitário, artista plástico e ex-baterista. Manager da Rhythm Rock Store, Sete Merch, Missões Aclive e Senhor Cabide. Co-produtor da revista Templo Metal Pocket e colaborador no portal templometal.com. Colaborador do Palco Gospel Bahia e produtor do Porão das Tribos. Nesses últimos anos pude ver a apresentação do Mike Portnoy com o Dream Theater na formação de 1999. 

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