Memória do Rock Cristão 1972 – Novo Alvorecer

Pra não deixar morrer mais uma release histórica, estamos compartilhando uma breve história do grupo Novo Alvorecer com os devidos créditos. Vale ressaltar que estamos enfatizando o momento musical da banda com influência do rock nas composições, notório a partir da década de 70 nos álbuns “Vibrante Mocidade, Busca, Conta Uma Verdade De 2000 Anos e Século XX”, os primeiros discos com esta influência, visível também no figurino da banda, cabelos longos, música mais conceituada, protesto verbal, visual mais artístico e profissional.

Um dia existiu um conjunto musical evangélico, que revolucionou a nossa história. Através deles aprendemos a usar novos instrumentos, novos ritmos e não ter vergonha do estilo de nossa própria geração. Eles foram os pioneiros. Seguindo a picada aberta por eles, na floresta, seguiram os gigantescos monumentos do louvor: Vencedores Por Cristo, Som Maior, Elo, Logos, Vozes de Cristal, etc.

A caminhada iniciou-se em 06 de julho de 1966, num culto especial da Igreja Presbiteriana Independente da Quinta Parada, na capital paulista. Sob a direção e idealização do notável mestre Professor Agenor Pereira de Carvalho, o grupo foi chamado CONJUNTO VOCAL E INSTRUMENTAL NOVO ALVORECER. Que bênção! Que monumento! Que achado! O grupo tocou o coração de um grande empresário e músico, o Sr. Mário Vieira, proprietário da DISCOS MUSICAIS CALIFÓRNIA, uma das grandes das décadas de 60 e 70. Ele apaixonou-se pelo grupo cristão e tratou de levá-los ao estúdio. Assim, o Brasil conheceu esse conjunto jovem, que mudaria a cara do Brasil evangélico.

Muitos que me lêem foram criados ouvindo suas canções. Suas canções eram alegres e cantavam com o peito aberto. Não estavam preocupados em serem extremamente perfeitos. Eles eram extremamente humanos. Há CDs que ouvimos e que se mostram tão perfeitos, quase não-humanos, incantáveis. O Novo Alvorecer, pelo contrário, era humano. A sensação que passavam é a de um louvor de acampamento, com o pessoal sentado na grama, ou ao pé da fogueira, cantando, tocando, de forma informal, gostosa e espontânea. Por isso os jovens se identificaram com eles, pois o que eles cantavam todos conseguiam também.

Suas canções eram inteligentes. Vivendo numa geração prenhe de talentos, poesias e lutas pela democracia e liberdade, aprenderam como ninguém a fazer uso de metáforas e ilustrações do quotidiano, para dizer coisas profundas e espirituais. Um de seus autores, o grande e notável DANIEL VIEIRA RAMOS FILHO, traduziu em poesia páginas imortais da antologia da música evangélica. Sucessos como ALÉM DO PÓ, ANO 2000, ORE, vieram dessa privilegiada e abençoada mente pensante.


Sua influência era generalizada. As décadas de 60 e 70 foram de grande oportunidade, bem como de grande projeção. Não havia muita coisa; assim, era possível ver de longe os luzeiros que brilhavam. Era um tempo em que o Brasil podia cantar a mesma coisa, de norte a sul. Demorava muito para sair uma série nova de canções. Quando as novas saíam, as anteriores já eram cantadas em quase todas as igrejas. Hoje, com a proliferação da comunicação e a enchente de gravações, o leque de opções é grande o bastante para não permitir unanimidade em quase nada. Quando um cd termina de ser gravado, há outros 10 despejados no mercado; e a maioria nunca será conhecida. O Novo Alvorecer foi conhecido. E muito!

Infelizmente o ecumenismo, a teologia da libertação, a mensagem social e política invadiram os púlpitos protestantes do início da década de 80. Os pastores, formadores da opinião, adocicaram a mensagem do evangelho, e influenciaram aquela juventude. Assim, em 1982, o Novo Alvorecer experimentou sua última gravação, e suas músicas estavam longe do que diziam anteriormente. Agora a prédica era triste e denunciatória: favelas, assassinatos, latifúndios, politicas, sem muita menção de um Reino superior, mesmo em meio a um mundo caído. O tempo também foi tratando de levar cada um dos pioneiros para dedicarem-se aos filhos e aos netos que iam chegando, e o grupo dispersou-se. Com o fim do VINIL e o desaparecimento do selo CALIFÓRNIA do mercado evangélico, passamos 25 anos com as gravações do NOVO ALVORECER sepultadas na memória dos jovens crentes saudosos e tristonhos.

Por Wagner Antonio de Araújo

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Melqui Oliveira

Colunista

Missionário, publicitário, artista plástico e ex-baterista. Manager da Rhythm Rock Store, Sete Merch, Missões Aclive e Senhor Cabide. Co-produtor da revista Templo Metal Pocket e colaborador no portal templometal.com. Colaborador do Palco Gospel Bahia e produtor do Porão das Tribos. Nesses últimos anos pude ver a apresentação do Mike Portnoy com o Dream Theater na formação de 1999. 

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