“Jesus is King”, o nono álbum de estúdio do rapper e produtor Kanye West, vem chacoalhando a internet por causa da mensagem inegavelmente gospel. No entanto, tamanho estardalhaço vem acompanhado de zombaria de satanistas e questionamentos de ativistas políticos
Aos 42 anos, Kanye West vem tendo sua guinada musical comparada, ao menos no Brasil, à fase em que Tim Maia aderiu à seita Universo em Desencanto e lançou o álbum “Racional”.
A mídia especializada, como sempre faz, adota um tom que evidencia seu preconceito velado ao comparar a conversão do rapper norte-americano com a fase mais polêmica do talentoso artista brasileiro.
Faixas intituladas como Jesus is Lord, Follow God, God is e Use the Gospel deixam claro que a mensagem evangélica está presente no disco, que foi precedido por uma série de apresentações nos eventos chamados “Sunday Service” (“culto dominical”, em tradução livre).
“Agora que estou a serviço de Cristo, meu trabalho é espalhar o evangelho, para que as pessoas saibam o que Jesus tem feito por mim”, explicou o músico em longa entrevista na última quinta-feira, 24 de outubro. “Eu já espalhei muita coisa. Agora, quero que vocês saibam o que Jesus fez, e que eu não sou mais um escravo, agora sou um filho, filho de Deus. Estou livre”, acrescentou.
Questionamentos
A fase de Kanye West é vista, dentro de setores da comunidade negra, como um provável meio para um fim político, embora, momentaneamente, faltem evidências para tal desconfiança.
O Dr. Jay-Paul Hinds, professor-assistente do Seminário Teológico de Princeton, concedeu uma entrevista à revista progressista VICE e suscitou a dúvida sobre a real motivação do artista, que se tornou apoiador do presidente Donald Trump, que não goza de amplo prestígio entre os negros nos Estados Unidos.
“Se você quer fazer qualquer coisa com os negros neste país, você ainda precisa passar por uma igreja negra. A temporada de eleições está se aquecendo novamente e você vai ver de novo políticos nas igrejas, porque esse ainda é o principal caminho para atingir a comunidade afro-americana”, comentou Hinds.
Deboche
Enquanto isso, o artista virou alvo de chacota da Igreja de Satã, um grupo ocultista que milita através das redes sociais. Após o lançamento do álbum gospel do rapper, os satanistas questionaram a veracidade da conversão ao Evangelho.
“Satã é o melhor amigo que Kanye já teve, e vai mantê-lo prosperando por todos esses anos!”, provocaram os satanistas.
As críticas e deboches em torno de Kanye West são movidas, em parte, por sua postura. Excêntrico, chegou a cobrar das pessoas envolvidas na produção do álbum, que se abstivessem de sexo se não fossem casadas, até que o projeto estivesse concluído. E isso foi recebido como fanatismo por parte de alguns, enquanto outros, como resultado de uma fé novata.
“Quando as pessoas oram juntas e jejuam juntas, o poder é maximizado. Houve vezes em que eu procurei as pessoas que estavam trabalhando em outros projetos e disse: ‘Será que você pode apenas trabalhar e focar nisso?’. Eu apenas pensei que se todos nós pudéssemos focar e jejuar — famílias que oram juntas, permanecem juntas”, explicou-se.
Fonte: gospelmais