O Complexo J é uma banda carioca, que traz uma sonoridade marcada pela predominância de duas vertentes do rock: o hard rock e o rock progressivo. Seu primeiro álbum foi Solidão, lançado em 1988, mas a banda foi fundada em 1986. Este primeiro trabalho traz algumas características que seriam marcas registradas do grupo, como o lado crítico encontrado em “Brasil”. O interessante é que, até hoje eu não conheço nenhuma banda no mainstream do rock cristão nacional que tenha uma mulher nos vocais, e creio que o Complexo J foi a primeira, e até hoje a única. Em 1990, saiu o Arte Final, e a formação era: Marco Salomão (guitarra e vocal), Murilo Kardia (vocal e arcordeon), Liza Cardoso (vocal), Helio Zagaglia (guitarra), José Carlos Salgado (baixo) e Martinho Luthero (bateria).
O clássico da banda foi o álbum 3, lançado pela MK Music em 1992. Em todos os aspectos, é o seu melhor projeto. Desde a criativa capa ao repertório de boas músicas como “Sábado quente”, “Abra seus olhos”, “Mais que um Sonho” e “Choro da Natureza”. Nessa época, o Complexo J esteve no programa do Jô e a entrevista da banda pode ser encontrada no YouTube. Em minha opinião particular, o Complexo J, semelhantemente a outros grupos da década de 90 se destacava pela análise crítica do mundo em suas letras, mas em seu caso de uma forma bem mais particular e sutil. “Sábado Quente” é a música que melhor representa o álbum, e eu colocaria facilmente num TOP de melhores músicas do Brock cristão anos 90. Após o sucesso de 3, estranhamente, em 1994 lançam Riqueza de Sons, que abre mão parcialmente do rock característico e mergulha em outras sonoridades, como a tropicália e o pop. É difícil dizer que este álbum seja predominantemente de rock, mas como nos anteriores temos muitas boas músicas. “Ieoah (moça bela)” tem uma letra interessante. “Você não precisa de um milagre / para viver com Deus / Você não precisa de um sinal / pra acreditar em Deus”, muito simples hoje, mas para 20 anos atrás?
E há de se considerar toda a articulação nas estrofes para este refrão, não sendo algo maçante ou arrogante, mas mesclando muito humor ao citar jovens, velhos e moças belas. O Complexo J trocou a MK pela Gospel Records e em 1995 lançou V, cinco no algarismo romano. Seguindo a linha pop do trabalho anterior, o álbum contém canções como “Doce Presença”. Este projeto possui a participação do músico Marcos Kinder. A partir dos anos 2000, a banda passou a estar um pouco sumida. Títulos antigos foram relançados, algumas canções regravadas, mas nada que trouxesse a força dos anos de ouro. Porém, o grupo deu grandes contribuições à cena cristã.