Cid Guerreiro diz que era infeliz com sucesso

Quem não se lembra de sucesso como “Ilariê”, que ficou quase que eternizado na voz da apresentadora Xuxa Meneghel? O ano era 1988, e talvez nem o autor do hit infantil imaginasse que seria tão estrondoso o sucesso – hoje inclusive tocado em festas adultas, como casamentos e flash backs. Acostumado a compor para esse público, Cid Guerreiro deparou-se também com outra fama que a música “Ilariê” alcançou. Desta vez, porém, entre parte dos evangélicos que acreditava que ela era resultado de pactos e que, se tocada de trás para frente, poderia transmitir sons demoníacos.

Essa experiência fez com que o autor nunca se interessasse pelo Evangelho, conforme ele mesmo conta na entrevista que se segue. Aqui Cid fala de sua conversão, sua nova vida onde a felicidade é a maior conquista e sobre seu ministério Guerreiro de Deus.

Quando e como se deu a sua conversão?
Cid Guerreiro: Tem 10 anos que me converti. Graças a Deus eu não vim pela dor, mas pelo amor. As pessoas dizem que a maioria dos artistas na hora em que estão no pior momento da vida é que tem encontro com Jesus. Mas eu estava voltando a gravar disco no Brasil, eu tinha sete ou oito anos que só gravava em espanhol e recebi proposta para gravar aqui de novo. Estava em São Paulo, me preparando para assinar o contrato com a gravadora, quando encontrei um casal de amigos da Bahia, que não via há mais de 10 anos. Eles me perguntaram o que eu estava fazendo em São Paulo e o que ia fazer a noite. Contei a eles e disse que não tinha nada para fazer a noite. Eles me convidaram para ir à igreja, mas eu não sabia que era um a igreja evangélica. Eu tenho um histórico com o Evangelho muito antigo por causa da música “Ilariê”. Dentro da própria igreja foi divulgado que a música tinha pacto com o diabo, que a palavra “Ilariê” significa “eres” (diabinhos pequenos) e não tem verdade em nada disso. Aliás, isso me afastou do Evangelho. Eu pratiquei todas as religiões sem compromisso, e na inocência eu não sabia que tudo isso era buscar as coisas do inimigo.

Mas como era esse envolvimento religioso?
Cid Guerreiro: Eu criei uma seita chamada “Querer é poder” porque eu participei de tantas coisas e via que tudo trazia “resposta”. Então, eu comecei a deduzir que o poder da mente era muito forte. Tudo o que a gente queria, a gente conseguia pedindo, como as pessoas pedem colocando fitinha no braço e dando três nós, ou com ervas, sempre tinha algum amuleto que fazia as pessoas crerem e conseguirem o que queriam. Então, baseado nisso acreditava que era só pedir que daria certo. Eu pensava: Deus é um Deus todo-poderoso e a gente não precisa pedir a Ele coisas bobas e vamos nos ajeitando aqui embaixo. Mas depois entendi que isso é o que o inimigo nos faz pensar, ele é craque em estratégia para tapar nossa visão, como o burro é tapado pelos lados, ele faz isso para que a gente não peça nada a Deus. E até coloca “facilidades” para que quando a gente descubra que tem a mão dele em alguma coisa a gente passe para alguma outra coisa e nunca deixe de depender e de fazer pedidos aos outros “deuses” e entidades.

E como foi quando você chegou à igreja com seus amigos?
Cid Guerreiro: A igreja, na verdade, era uma casa. A casa do Xanddy e da Carla [Perez]. E eu, não sabia que era um culto evangélico nem que era na casa deles. Quando vi o pastor (que era um ex-cantor de trio elétrico, amigo meu, da banda Laranja Mecânica, o bispo Ivo), ele estava de cabelo cortado, paletó, gravata e com uma Bíblia. Na hora pensei que deveria ser alguma pegadinha de televisão. Inclusive, imaginei que deveriam saber minha história com os evangélicos e queriam me pegar para eu falar mal deles. Aí pensei: vou ficar esperto, não vou falar mal de ninguém.

Mas não era pegadinha da televisão…
Cid Guerreiro: Não era. Conversando com o Ivo, comecei a dizer que tinha muito mais Deus que ele. E ele só me olhava e não falava nada. Eu dizia que também era pastor e todos nós somos pastores. E ele nada. Aí provoquei dizendo como ele servia a um só Deus se a Bahia era de todos os santos. Então ele disse: “Cid, você até conhece Deus, mas não tem intimidade com Ele”. Foi essa frase que fez cair uma ficha diferente em mim, porque eu nunca tinha ouvido falar de Deus como alguém para se ter intimidade.

Isso mexeu com você?
Cid Guerreiro: Exato. Eu disse: rapaz, nunca ouvi uma palavra que entrasse em meu coração tão profundamente. Ele me convidou a entrar e cultuar a Deus. Quando ouvi a música (talvez por ser músico, Deus sempre usa a forma certa e tem as estratégias certas para chegar no lugar certo, na hora certa), com aquele louvor a minha vida foi transformada.

Que música era?
Cid Guerreiro: Era a música “Faz chover”, do Fernandinho. Enquanto cantavam comecei a chorar e pensar o que estava acontecendo, que coisa estranha eu estava sentindo… E o pastor disse que, todos os dias, Deus bate na porta do nosso coração. Ele é tão maravilhoso que não abre a porta do nosso coração. Ele coloca a maçaneta só pelo lado de dentro e pede para que a gente abra para que Ele venha habitar em nosso coração. Ele falou: “Se você sentir que Ele está batendo no seu coração agora levante sua mão”. Eu levantei e ao mesmo tempo tentei segurar. Fiquei com medo de tudo aquilo. Comecei a clamar a Deus e o pessoal orando em línguas… achei que era coisa de macumba. E disse que não queria aquilo para mim, pois já estava cheio destas coisas… Falei pra Deus: Se é o Senhor que está falando comigo aqui, então segura a minha mão. Tentei puxar meu braço para baixo e falei “Paizinho”… Nesse momento tive intimidade com Ele. Eu disse: “Se você tá aqui, segura minha mão eu vou fazer toda a força do mundo. Mas se você segurar minha mão eu nunca mais largo você”. Puxei meu braço e senti uma mão grande pegar na minha, me puxar. Levantei da cadeira e fiquei na ponta do pé, como se alguém tivesse me puxando de cima pra baixo.

Essa foi sua primeira experiência?
Cid Guerreiro: Sim e foi fabulosa. Eu fiquei na ponta dos pés e as pessoas gritavam glória a Deus e não entendia nada. Eu só chorava, chorava. E dali eu saí decidido. Fui para Bahia e disse pra minha mulher que havia me convertido.

E como foi a reação dela?
Cid Guerreiro: Eu disse que agora eu era filho de Deus. Ela disse que também era. Mas eu comecei a declarar algumas coisas diferentes…

Por exemplo?
Cid Guerreiro: Disse para minha mulher: Eu e minha casa servimos ao Senhor. Ela disse que eu estava louco. Meus filhos perguntavam o que havia acontecido comigo em São Paulo…

Você começou com tudo então?
Cid Guerreiro: Sim. Naquele dia fui na Igreja e perguntei ao pastor quando tinha culto. Comecei a ir todos os dias que ele disse que tinha culto.

E sua família?
Cid Guerreiro: Dizia que eu só queria saber de igreja. E todo mundo falava que eu estava louco. Lembro que um mês depois que eu já estava indo todos os dias na igreja, minha mulher disse que sairia com o carro – e nós estávamos com um carro só. E ela disse que se eu quisesse ir para igreja, que fosse a pé. A gente morava longe da igreja. Mas eu disse que não seria um carro que me impediria de ir me encontrar com Deus. Eu fui andando até a igreja e foi maravilhoso. Aí comecei a dizer: Eu e minha casa servimos ao Senhor. Eu ouvia as pessoas dizendo “serviremos”, mas eu dizia “servimos”. É agora. Chegava na igreja e declarava: Deus, do mesmo que jeito que o Senhor me pegou tem que pegar todo mundo [na minha casa].

E como aconteceu?
Cid Guerreiro: Dois anos depois, em meu aniversário, eu firme na igreja, minha família disse que iria fazer uma festa grande. Meu aniversário caia num domingo. Aí eu falei que só queria um presente deles e se eu poderia escolher. Disse que queria que todos fossem à igreja comemorar meu aniversário lá. Eles reclamaram. Mas eu disse que minha festa seria na igreja. Então, todos foram. Lá eu declarei: Deus, aqui é o lugar da minha casa, eu quero que o Senhor pegue um por um, não importa quem vem primeiro, quem vem depois… Primeiro veio minha filha, depois minha esposa e por último meu filho.

E como foi esse início?
Cid Guerreiro: Aconteceu uma coisa legal. Hoje vejo que foi legal (risos) Quando eu me converti eu fiquei sentado quatro anos. Eu querendo subir no altar, dar meu testemunho, os pastores me chamando, mas Deus não me deixava. Ele me dizia: seu lugar é sentado aí. Eu reclamava: O Senhor me resgata do mundo e não me deixa subir no altar. Só que eu ainda cantava para o mundo. Isso aconteceu até o dia em que Deus me disse: “De hoje em diante você não abre mais a boca para cantar para o mundo, agora você é meu servo; a sua boca é a minha boca”. Eu respondi: De hoje em diante não canto mais para o mundo. E parei. Depois disso, Ele me autorizou a subir no altar. Esse prazo durou quatro anos!

Pelo que estou ouvindo, aquela palavra que te impactou, “intimidade”, foi ela que norteou teu início de vida cristã… Porque Deus já falava com você, Deus já te dava instrução, já te dava sabedoria, já te dava algumas palavras bíblicas e você passou a ter essa intimidade.
Cid Guerreiro: Foi. Uma das coisas que falo muito para as pessoas é como o inimigo faz para que a palavra de Deus se afaste do povo. Quando você passa pela rua e diz: Jesus te ama, o inimigo faz de um jeito que a pessoa entenda que você esta agredindo ela. É como se fosse uma agressão, mas você está falando de amor, você tá falando da maravilha de um Deus maravilhoso que deu seu único Filho para que viesse nos resgatar desse mundo e as pessoas ouvem isso como agressão.

E você também sentia isso?
Cid Guerreiro: Sentia. Quando me diziam: Jesus te ama! Eu retrucava: vai pra lá! Eu tenho mais Deus que você. Minha frase era essa.

De onde veio o nome Cid Guerreiro?
Cid Guerreiro: Deus já preparava tudo desde antes. Meu nome é Cid Eduardo Meireles e um cara de rádio disse que eu era um cara batalhador, e eu estava prestes a lançar meu primeiro disco. Ele disse que ia lançar ao vivo, em seu programa, meu nome artístico. E eu ouvindo depois ele disse agora vou lançar Cid Guerreiro. Eu nem me liguei que era eu, aí começou a tocar a minha música. Comecei a gostar. Passando os anos. Quando eu me converti Deus me deu uma palavra no primeiro CD: aqui morre o velho e torna-se o novo. Foi aí que saiu o Cid e entrou o Guerreiro de Deus. Então o guerreiro já era guerreiro.

Você teve uma carreira de compositor fortemente marcada por músicas infantis, como Ilariê, Tindolelê gravadas pela Xuxa e outras gravadas pela Mara Maravilha, Angélica, Eliana… Você já pensou em fazer alguma coisa para o público evangélico infantil?
Cid Guerreiro: Tenho um projeto que já está no meu coração há algum tempo, mas eu sou muito obediente ao tempo de Deus. Uma das coisas que eu comento com as pessoas é que a coisa mais fácil seria eu usar a minha carreira, o meu nome, a minha estrada para eu fazer sucesso. Mas o meu temor é muito grande. Então eu tenho três CDs evangélicos e nenhum deles eu coloquei em gravadora porque eu sentia que Deus não me permitia não sei o porque, não sei o propósito, não sei se é meu tempo de ficar na caverna, me preparando e eu tenho um projeto chamado Guerreirinhos de Deus, um projeto com 12 personagens bíblicos, com um protótipo de um guerreirinho que vai cantar as histórias bíblicas. Vai sair tanto como CD, quanto livro e DVD. Ainda não fiz porque aguardo o tempo de Deus.

Como está seu CD atual?
Cid Guerreiro: Tem uma história de Deus maravilhosa sobre esse trabalho. Eu tinha nove músicas prontas entrei no estúdio para gravar. Foi minha transição do axé music para o rock, porque minha história sempre foi rock. Entrei no axé porque o rock não subia no trio elétrico e eu queria ser famoso, fazer sucesso e então resolvi fazer o rock-axé. Deus me disse que era hora de eu voltar à minha raiz. Então fiz um CD de muita adoração, louvor e pegada de rock. Gravei o CD e quando a base estava toda pronta, Deus disse: “Não tô nesse negócio”. Aí eu pedi perdão aos músicos e contei o que Deus falou. Depois fui para o Espírito Santo e lá um rapaz me disse: “Cid você não quer usar meu estúdio para gravar seu CD?” Pensei: será que é um sinal de Deus? Aceitei o convite, fiz a base com outros músicos e Deus disse: “Não mandei você entrar em estúdio”. Aí parei. Voltei para Salvador e como tenho estúdio em casa me lembrei de um guitarrista amigo meu, convertido, chamado Louro e fizemos a base do CD. Uma semana de trabalho. Tudo pronto, e Deus disse: “Eu não mandei você fazer o disco”. Aí eu disse: Deus não quer que eu faça mais disco. Pedi perdão ao meu amigo. Fiquei com as três bases prontas e deixei quieto. Passaram-se dois meses. Eu estava dormindo, Deus me acordou e falou para eu ir para o estúdio que ia me dar uma música. Desci, liguei os equipamentos todos, fiquei em frente ao microfone e comecei a tocar. Nada. Meia hora, nada. Quarenta minutos, nada. Comecei a chorar e falei: Deus, o Senhor me acordou e me falou que ia me dar uma música, por que está fazendo isso comigo? O que quer de mim? Quando deu mais de uma hora — e eu chorando muito por mais de quinze minutos e dedilhando a guitarra — comecei a falar: Eis-me aqui, Senhor… Assim nasceu a música que é o carro-chefe e o título deste CD. Depois que eu fiz essa música, faltava uma semana para o nosso congresso do MDA em Fortaleza e Deus me falou: “Você vai terminar para lançar o disco no congresso”. Eu fiquei desesperado e disse: não dá tempo! Não se prensa um disco, não se mixa, não se fabrica, não se faz capa em uma semana em hipótese nenhuma! Aí Deus falou: “É para mostrar que eu sou Deus”. No dia da inauguração do evento estavam lá os CDs e tudo pronto e perfeito. E a gente tocou ali pela primeira vez. Essa música é muito alegre… É uma letra simples e mostra muita intimidade com Deus. Ela foi feita em adoração e também mais agitada; no show a gente canta as duas versões. A palavra chave é intimidade.

Você falou sobre carnaval. Como um homem de Deus, qual é sua relação hoje com esse evento?
Cid Guerreiro: Eu faço carnaval. Quando Deus me mandou parar de cantar para o mundo Ele disse: “Você vai para o carnaval”. E Eu perguntei: Mas como, se Ele havia pedido para eu parar de cantar para o mundo? Deus me disse: “Você vai entrar lá, vá abrindo a boca e falando a minha palavra”. Eu disse: Gente, como vou entrar no carnaval da Bahia cantando música gospel? Aí Deus me deu a música “Prego na Mão”, uma das primeiras dessa fase evangélica. Fiz o carnaval com ela e também fiz versões de músicas como “Entra na minha casa” e outros sucessos evangélicos com pegadas de axé. Como as pessoas gostavam muito do Cid Guerreiro puxando trio elétrico, fiz o primeiro ano do carnaval só tocando música gospel; no segundo ano mandaram me chamar e disseram que eu não ia participar porque estava cantando músicas de Deus. Uma pessoa chegou a dizer que “nem Deus me colocaria no carnaval”. Eu estava em uma reunião, levantei diante de todos os artistas e disse que iria assinar o maior contrato de todos. Eles me chamaram de prepotente. Eu retruquei: Eu sou filho do dono de tudo. Saí, bati a porta e me espantei com minha ousadia (risos). Aí eu disse: Deus, como o Senhor me diz que eu vou fazer carnaval esse ano se eu falei uma besteira desta? Resumo: voltei e saí de lá com o maior contrato do carnaval de Salvador!

Grande experiência, não foi?
Cid Guerreiro: Mas teve mais. No terceiro ano, o grupo se juntou para me tirar de qualquer jeito. Decidiram me mandar para fazer o carnaval no interior. Fiz um dia na Ilha e dois em Porto Seguro. Só que eu cheguei em Porto Seguro sem entender nada e quando entrei com meu trio elétrico o pessoal da TV Record estava com o link preparado acreditando que eu ia cantar as músicas do axé e Ilariê… Quando cheguei em frente às câmeras, ao vivo, o repórter me perguntou o que eu tinha a dizer sobre terem me mandado para o lugar onde o Brasil havia nascido para representar o axé music, sendo eu agora um homem de Deus (ele viu a faixa enorme Guerreiro de Deus). Como estava ao vivo, em transmissão internacional, não teria como ele me cortar. Então agradeci ao Senhor a oportunidade e fiquei 12 minutos falando de Deus e da minha conversão. Todo mundo parado querendo tocar, mas as pessoas estavam atentas me ouvindo. Eu falando. O repórter parado. Era como se Deus tivesse dizendo: “Parou o carnaval, agora vocês vão ouvir o que eu fiz na vida desse homem aqui”. Aí fiquei 12 minutos. Para finalizar disse que eles iam ouvir as músicas e entrei tocando “Abrindo o Mar”, “Prego na Mão” e um outro louvor que Deus me deu na hora, só musicas animadas… Como fiquei ali parado muito tempo, não tinha ninguém na frente e eu saí arrastando o povo todo. Aí eu vi qual era o propósito de Deus: que eu saísse de Salvador e fosse para o centro do nascimento do Brasil para que meu testemunho fosse transmitido em rede internacional. Então Deus é perfeito em todas as coisas. E a glória é dele!

Vai fazer carnaval esse ano?
Cid Guerreiro: Vou fazer no Rio de Janeiro com o Pr. Marco Antônio, da Internacional Zona Sul. Há mais de trinta anos ele orou pela minha vida enquanto eu cantava em um trio elétrico. Ele, o apóstolo Ari Caetano, Pr. Francisco… Eu estava passando com meu trio na Barra e eles fazendo um ato profético. Quando eu vi aquele grupo, e tinha uma faixa escrito algo de Deus e eu não sabia o que era, mas em respeito ao som deles, que era pequeno, pedi para pararmos enquanto eles cantavam. A Aline Barros estava, e era muito menina. Eles oraram por mim. Eu falei até uma besteira, disse que ia cantar pro Deus da Bahia… Cantei e fui levando o trio. E eles profetizaram que um dia eu estaria num trio elétrico cantando para o Deus verdadeiro. Passaram se anos e em 2014 eu não ia fazer carnaval, e o Pr. Marco Antônio sem saber me ligou perguntando se eu estaria livre. Ele disse que fazia anos que queria me convidar para estar no carnaval com eles. Aí fui para o Rio e pela primeira vez fiz carnaval com eles, puxando trio elétrico no projeto de evangelismo. Foi tão maravilhoso que o pastor disse que não abriria mais mão de que estar todos os anos com eles.

Como está seu ministério hoje?
Cid Guerreiro: Eu sou da Igreja da Paz, sob a cobertura do Pr. Abe Huber, em Fortaleza. Sou discípulo do Pr. Roni e supervisor de setor porque nossa igreja é em células. Também tenho o Ministério Guerreiros de Deus, ministro como adorador tanto para famílias como para células, falando sobre MDA, liderança… Meu trabalho é servir. Nossa meta é ganhar almas, cuidar delas e passar para as pessoas a missão que Jesus nos deixou.

Como tem sido o trabalho evangelístico no nordeste?
Cid Guerreiro: A gente se preocupa tanto em falar para as diversas nações que não foram ganhas para Jesus e onde a palavra ainda não chegou. Mas aqui, no nosso nordeste, no estado do Ceará onde moro, tem muitos lugares que as pessoas precisam que a palavra chegue. E a proposta da nossa igreja, da Igreja da Paz, é justamente levarmos para o sertão inteiro a palavra. Lá no Ceará a ideia é expandir a obra.

Ainda tem muita religiosidade por lá, não é?
Cid Guerreiro: Muito grande. Acabamos de fazer um trabalho de missões, em Juazeiro do Norte, e foi muito impactante. Faço um trabalho de evangelismo tanto com meninos de rua quanto com drogados, um trabalho muito forte que se chama “O som das tribos”. Uma estratégia que Deus me deu. Levamos aulas de percussão usando instrumento reciclável e mostra pra eles com dança, com música, arte sem falar de Deus. No final faço um show por um acaso para eles é evangélico, é de “axé” (ritmo) gospel, de rock gospel, falo de drogas, prostituição infantil e no final a gente faz o apelo. Aí já procuramos quem vai cuidar deles depois da evangelização. Tivemos uma experiência magnífica agora, em um bairro em Fortaleza chamado Aerolândia, que fica na entrada da cidade. Lá tem muito tráfico de drogas. Entrei na zona de skate deles, peguei 25 meninos que estavam fumando maconha. Falei que ia apresentar algo mais “louco” para eles. Eles ficaram entusiasmados e curiosos. Eu disse que subir naquela pranchinha, andar de skate era massa, assim como surfar também era. Aí disse: Imagine um cara andar na água sem prancha de surf… Imagine aquela lagoa em frente um cara andando em cima da água… Eu disse que estava vendo um cara andando naquelas águas… Eles disseram que eu estava muito doido. Eu disse que esse aquele mesmo cara pegava alguém todo arrebentado e curava, fazia andar, fazia milagre… E disse: Isso eu vejo toda hora! Aí falei de Jesus. Que aquele cara era Jesus. Dos 25 jovens que estavam ali, 21 aceitaram Jesus como salvador. Foi lindo.

Você vê muita mudança na vida das pessoas. E na sua vida, o que mudou nestes dez anos?
Cid Guerreiro: Tudo. Eu era um cara prepotente, arrogante, um cara podre e não sabia. Porque com 15 anos de idade decidi que queria ser o maior cantor do Brasil, que seria rico, que teria tudo o que queria, que seria o dono do meu nariz. Era eu, eu, eu… Quando a gente coloca “eu” na frente de Deus, a gente O joga fora. Mas aí, graças a Deus, descobri que eu não sou nada. As pessoas perguntam o que Deus é pra mim e eu digo: Deus é tudo. Aprendi que para alguém ser tudo, a gente tem que ser nada. Então, a gente descobre que nem nada a gente é. A gente ter que chegar ao ponto de ser nada para que ele venha a ser tudo. Hoje em dia digo que tenho a maior felicidade do mundo. Tudo o que eu tinha de riqueza, não tinha felicidade. Hoje tenho felicidade! Não tem riqueza nenhuma no mundo que pague essa felicidade que tenho. Jesus é tudo.

Fonte: Guiame

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Melqui Oliveira

Colunista

Missionário, publicitário, artista plástico e ex-baterista. Manager da Rhythm Rock Store, Sete Merch, Missões Aclive e Senhor Cabide. Co-produtor da revista Templo Metal Pocket e colaborador no portal templometal.com. Colaborador do Palco Gospel Bahia e produtor do Porão das Tribos. Nesses últimos anos pude ver a apresentação do Mike Portnoy com o Dream Theater na formação de 1999. 

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