O sangue de Jesus tem poder. E o que corre nas veias dos fieis de uma igreja evangélica de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ainda é embalado ao som de rock. Ou melhor, de hardcore. Há dez anos, no bairro Agostinho Porto, os frequentadores da Comunidade Profética Atos Extremos vem fazendo barulho com o som alto de suas guitarras e bateria para louvar ao Senhor.
Com um único culto, aos domingos, às 18h30m, o fundador do grupo, pastor Marcelo Roberto Antonio da Silva, de 40 anos, garante que a casa fica cheia. São cerca de 50 pessoas por fim semana passando pelo local, que funciona em um pequeno espaço na Rua da Matriz.
— Eu tinha medo de ser pastor, mas, com o passar dos anos isso foi passando e crescendo a vontade de falar de Deus para a molecada. Como eu sempre gostei de rock, quis fazer algo que unisse o cristianismo e a maneira que nós, roqueiros, somos — afirmou Marcelo.
Fã de Sepultura e de outras bandas de rock mais pesado, o líder religioso passou a curtir grupos do mesmo estilo, porém com caráter evangelizador, como a banda americana Impending Doom. Hoje, Marcelo tem o seu próprio grupo, o Extremocore, que se apresenta por todo o estado do Rio de Janeiro.
— A igreja, na verdade, começou a partir das reuniões da banda na Praça de Vilar dos Teles (no Centro de Meriti). Não tocamos somente em eventos gospel, fazemos todos os tipos de shows. As pessoas conhecem a igreja por causa da banda — disse Marcelo, que é o vocalista.
O pastor roqueiro revelou que a sua caminhada cristã começou aos 18 anos, num momento em que diz ter visto a morte de perto.
— Eu só queria saber de bebida e farra. Mesmo novo, já era hipertenso. Um dia bebi tanto que passei muito mal na esquina da minha rua. Naquele momento, pedi a Deus e eu voltei à minha consciência na mesma hora — relatou.
Templo já foi acusado de ser satanista
Apesar de conviver bem com outras duas igrejas evangélicas bem ao lado da sua, Marcelo e a mulher, a pastora Susy de Melo, de 40, afirmam sofrer preconceito de outras denominações. Eles dizem que já foram até ameaçados de morte e chamados de satanistas.
— Uma vez um rapaz veio ao culto para bater no Marcelo, mas, no fim, ele não fez nada. Já disseram que nós fazíamos cultos satânicos e que vendíamos drogas. Nada disso abala a nossa fé. Deus está do nosso lado — afirmou Susy, que sempre leva seus dois filhos para a igreja: Samuel Melo, de 14, e Levy Melo, de 12.
Fonte: Jornal EXTRA