Soraya Moraes: revelações de uma ex-roqueira

Quem ouve Soraya Moraes cantando músicas de louvor e adoração no CD/DVD Deixa O Teu Rio Me Levar (Line Records) sequer imagina que um dia ela foi uma roqueira convicta: ouvia discos do Petra a contragosto do pai, evangélico mais tradicional, e era vocalista de um grupo com o sugestivo nome de Metanoya, que chegou a gravar um disco. Ao seu lado, um tecladista e baixista chamado Marco Moraes, que viria a ser seu marido, produtor de seus futuros discos e parceiro em várias composições.

“Fazíamos um hard rock mais voltado para o progressivo, como o Yes”, recorda-se Marco Moraes.

“Meu estilo era parecido com o da Nina Hagen, misturando canto lírico com rock. Mas eu não me espelhava nela. Sempre gostei de música evangélica”, emenda Soraya.

O nome Metanoya, naturalmente, remete a metal, rock pesado. Mas, traduzido do grego, significa “mudança de mente”, fazendo referência ao texto bíblico de Paulo. Era o que a banda pretendia fazer com as pessoas que não eram evangélicas, mas, por coincidência, pode ser aplicado à mudança radical que Soraya Moraes sofreu em seu ministério anos depois. Do rock ela passou para o louvor congregacional, ao entrar para o renomado grupo Renascer Praise, da Gospel Records, com quem gravou quatro discos.

A tendência continuou em seus trabalhos solo, principalmente a partir do segundo, Milagre, pela mesma gravadora. Mas foi no quarto disco, A Presença de Deus, de 2003, o primeiro CD/DVD todo ao vivo de sua carreira, que Soraya Moraes adotou de vez o estilo, presente até no subtítulo: Adoração Ao Vivo. A boa repercussão do disco chamou a atenção da Line Records, que a contratou e sugeriu que, em seu primeiro trabalho pela companhia, fizesse algo semelhante ao anterior. E ela revela: sua praia é mesmo louvor.

“Ministro louvor na igreja desde 14, 15 anos, e participei de um grupo importante como o Renascer Praise”, lembra Soraya, explicando porque seu novo disco segue o mesmo formato de A Presença de Deus. “Na época do meu primeiro CD, optei por músicas evangelísticas, e não louvores, porque eu já era uma cantora de um grupo assim. Mas o segundo já teve que ter quatro músicas ao vivo e o terceiro também, porque era o que as pessoas mais gostavam. No quarto disco pensamos em fazer inteiro ao vivo, de louvor. E deu certo. Quando a Line me contratou, eles disseram: ‘vamos fazer um disco nessa linha, porque ficou muito bom’. E era uma coisa que não tinha na Line, tanto que o meu é o primeiro CD e DVD de louvor e adoração ao vivo da gravadora.”

Soraya admite que, quanto ao estilo, Deixa O Teu Rio Me Levar e A Presença de Deus são discos semelhantes. Mas ela aponta diferenças entre ambos. A principal delas, segundo a cantora, está na produção.

“Meu primeiro disco ao vivo foi uma coisa mais experimental, não teve uma grande produção”, diz Soraya. “O resultado ficou muito bom, tanto que chamou a atenção da Line, mas na época não tínhamos condições de fazer algo melhor. Já Deixa O Teu Rio Me Levar foi gravado em uma casa de espetáculos famosa, o Olympia, e nós pudemos contar com um diretor renomado, o Santiago Ferraz, que já trabalhou com Kirk Franklin, Capital Inicial, Zezé di Camargo, Igreja Batista da Lagoinha…”

O disco mais rápido do mundo

Gravar no Olympia foi ao mesmo tempo um prazer e um desafio para Soraya Moraes. Seguindo com suas revelações, ela conta que teve apenas 40 dias para preparar tudo.

“Acho que foi o disco mais rápido do mundo”, brinca a cantora. “Fechei o contrato com a Line no começo de junho e no dia 10 o repertório já estava aprovado pela diretoria. Depois começamos a procurar datas. Tinha no Credicard Hall em agosto, mas eles achavam longe, porque queriam lançar o CD e o DVD numa feira em setembro, como forma de estratégia. Só tinha 24 de julho, um sábado, no Olympia, o que é um milagre, pois lá está sempre fechado. Tivemos menos de dois meses pra preparar tudo: ir para estúdio, fazer pré-produção, ensaiar coral, dança, criança. Foi uma loucura e graças a Deus deu um resultado bom.”

Para que tudo saísse tão rápido, Soraya teve que cancelar os compromissos e se apressar para preparar o repertório com o marido, que é o produtor musical do disco. Com ele, Soraya assina 11 das 15 faixas. Uma é de domínio público (Mais Perto Quero Estar) e as outras são de terceiros: Marcas, da pastora Lubmila Ferber; Não Há Ninguém como Tu, de David Quinlan; e Deus Forte, de Moacir Bernardino. Soraya lembra que, quando fechou o projeto com a Line, não tinha nenhuma música pronta.

“A maioria das músicas veio por um milagre de Deus”, afirma a cantora. “Nós nos trancamos em casa durante 10 dias, cancelamos a agenda e buscamos em Deus as músicas. E fomos atrás das pessoas que nos prometeram mandar canções. Muita gente enviou, mas só conseguimos encaixar essas três.”

Mesmo correndo contra o tempo, Soraya Moraes e o marido saíram de São Paulo, onde moram, e foram ao Rio de Janeiro para ouvir pessoalmente a música da pastora Ludmila Ferber, por uma “exigência” dela. Mas a cantora não se arrepende nem um pouco disso. Apesar de a primeira faixa de trabalho ser Tempo de Celebração, de Soraya e Marco Moraes, Marcas está sendo executada em vários lugares.

“Recebi um e-mail de Buenos Aires dizendo que essa música está sendo tocada bastante lá. Tanto que eu e meu marido estamos montando um projeto para espanhol também. Ano que vem queremos dar andamento a isso”, conta Soraya, que também pretende intensificar suas viagens aos Estados Unidos, onde há alguns anos já se apresenta.

Em português, espanhol ou inglês, o certo é que Soraya Moraes continuará cantado seus louvores. Rock, por enquanto, nada. Mas os olhos dela não deixam de brilhar ao pensar na possibilidade de o disco do Metanoya ser relançado. A mente muda, mas algumas marcas ficam.

Matéria de 12/11/2004 – Universo Musical

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Melqui Oliveira

Colunista

Missionário, publicitário, artista plástico e ex-baterista. Manager da Rhythm Rock Store, Sete Merch, Missões Aclive e Senhor Cabide. Co-produtor da revista Templo Metal Pocket e colaborador no portal templometal.com. Colaborador do Palco Gospel Bahia e produtor do Porão das Tribos. Nesses últimos anos pude ver a apresentação do Mike Portnoy com o Dream Theater na formação de 1999. 

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